quinta-feira, 29 de maio de 2014

- Você está com a cara péssima.
- Oi? O que você disse?
- Você está com a cara péssima Joana, disse novamente meu vizinho.
Sorri com o canto dos lábios e respondi:
- Tem sido dias difíceis, Sr. Jorge.
Não quis dar muita conversa. Não estava para conversas e desabafos. Então continuei seguindo meu caminho e envolta em meus tormentos de pensamentos.
Mal sabia ele que a expressão do externo não representava um milésimo do que eu estava sentindo. Melhor mesmo não saber, pensei.
Pois, é. Hoje faz exatamente um mês que Laura partiu. E um mês que Laura morreu dentro de mim. E isso sangra. Dói.
As memórias ainda estão aqui. Os momentos ainda estão presos em um passado tão presente.
Mas de tudo que aprendi com Laura é que pessoas partem sem motivos. Simplesmente vão de nossas vidas e deixam lacunas irreparáveis.
E sim, essa se trata de uma história de amor que não deu certo. Uma história como tantas outras. Histórias como as de Anas e Robertos, Josés e Ronaldos, Joanas e Lauras.
Uma história como tantas outras.

A.K.
Às vezes somos obrigados a matar pessoas dentro da gente.
Dói tanto.
Sangra.
Somos obrigados.

A.K.