quinta-feira, 10 de julho de 2014

Tem silêncio que agride.
Digo mais: o teu silêncio me agride.

A.K.
Querida,
Querida? Ainda que essa expressão denote intimidade entre duas pessoas, parece-me tão informal chama-la de “querida”, visto tamanha intimidade que havia entre nós até 7 dias atrás. Intimidade cultivada dia a dia durante os últimos 4 anos de nossas vidas.
Há dias ensaio sobre como e o que lhe escrever. Sentado horas a fio com papel e caneta na mão, tento organizar os pensamentos tão congestionados. Em vão. Finalmente depois de intermináveis ensaios consegui uma ponta de raciocínio em meio aos sentimentos que se sobrepunham em abundância. Talvez seja isso: estou sufocado. Mas situações difíceis clamam por soluções difíceis (não vou me matar, ainda que sem você pareça à morte. Mas preso muito mais pela vida).
Não gosto de whisky, essa bebida forte, no entanto, precisei de três doses duplas para começar a organizar os pensamentos. Ana, quero lhe dizer que o teu silêncio me agride. Sim, o teu silêncio me agride. Quisera eu levar uma bofetada na cara ou ouvir insultos, qualquer coisa que justificasse o seu sumiço. Mas não, ao contrário, você simplesmente desapareceu.
Longe de mim querer ser machista, mas normalmente somos nós os homens os que estragam as relações. Longe de vocês serem perfeitas, mas é tendência nossa pisar na bola. Mas conosco não, nunca pisei na bola, sempre procurei fazer o melhor (dentro das minhas limitações) para nós. Estou desesperado. Sem rumo. Sem saber o que aconteceu. Se eu errei, ao menos me avise. Tudo bem se não quiser me bater, mas me avise. Me avise.
Não seja você a babaca da história.
Ana, o teu silêncio me agride.

Com carinho, do perdido (mas não eternamente nessa condição)

Gustavo

A.K.